Evento vai até 31 de janeiro em Pelotas e apresenta 60 espetáculos gratuitos
Os acordes soam familiares, já os sotaques são novidade: na 10ª edição do Festival Internacional Sesc de Música, orquestras jovens do Pará e de Roraima cruzaram o País para fazer parte de um grande encontro, que mistura não apenas pronúncias regionais, mas diferentes idiomas, tendo a música de concerto como o principal intérprete. O evento, realizado pelo Sistema Fecomércio-RS/Sesc em Pelotas, no Rio Grande do Sul, reúne mais de 50 professores de 14 países, 400 estudantes de música e orquestras jovens e comunitárias que transformam duas semanas de aulas em 60 apresentações gratuitas para a comunidade.
A Orquestra Jovem Sesc Roraima enfrentou 18 horas de viagem e assim realizou um desejo: superar os limites do seu Estado. Não apenas as fronteiras, mas as particularidades geográficas que dificultam os deslocamentos de orquestras pelo Norte do Brasil. A atual formação do grupo é recente e a maioria dos integrantes ainda está na adolescência. O músico mais novo a se apresentar em Pelotas completou 13 anos na véspera do Festival. “No hotel, a gente anda pelos corredores e escuta música o tempo inteiro. Andando pela cidade também. Isso nos inspira. Estou muito satisfeita de podermos mostrar o nosso trabalho perante a comunidade e outros artistas. Esses jovens ensaiaram muito para estar aqui, todos os dias, a tarde toda. Perto das apresentações, eles ensaiam até nos fins de semana. E estamos felizes de ter a oportunidade de estar nesse ambiente de aprendizado e de fazer contatos também”, diz a maestrina Lilyane Lopes.
Já a Orquestra Jovem Sesc Pará desembarcou no Sul do País com 72 componentes para a primeira apresentação do grupo fora do seu Estado natal. A Orquestra foi criada há cerca de um ano e contou com a candidatura de músicos de alto nível, revelando a importância da criação destes novos espaços: “As primeiras apresentações fizeram o maior sucesso lá em Belém e já estamos recebendo convites para tocar em outros locais. Essa troca que acontece aqui no Festival, em Pelotas, é muito importante para nós, porque podemos mostrar o talento dos nossos músicos, aprender, fazer novos contatos que vão nos levar ainda mais longe”, diz o maestro Rodrigo Moraes. Em sua estreia em festivais do gênero, a Orquestra paraense teve o desafio de conduzir a abertura do Festival no histórico Theatro Guarany, que completa 99 anos. E a entrada foi justamente com a impactante peça de mesmo nome, O Guarani, de Carlos Gomes, primeira obra musical brasileira a ter amplo reconhecimento internacional.
Além das Orquestras do Pará e de Roraima, jovens músicos do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe foram escolhidos para, ao longo das próximas duas semanas de aulas e ensaios, compor a Orquestra Jovem Sesc, que se apresentará no dia 30 de janeiro. Não será o único encontro inédito de músicos. Todo o Festival tem a proposta de promover novos encontros e intercâmbios entre artistas: “Pelotas propicia esse tipo de interação. Diferentemente de outros grandes festivais, aqui professores e alunos convivem fora da sala de aula, assistindo a espetáculos, fazendo refeições, em vários espaços da cidade. Os alunos ficam ansiosos para ver seus professores tocarem em recitais que proporcionam encontros inéditos de grandes músicos”, diz o gerente de Cultura do Sesc/RS, Sílvio Bento.
A realização do Festival Internacional Sesc de Música é do Sistema Fecomércio-RS/Sesc, com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Pelotas e apoio cultural da Universidade Federal de Pelotas, Universidade Católica de Pelotas, Faculdade Senac, Bibliotheca Pública Pelotense, Unisinos, OSPA, Expresso Embaixador, Ecosul, Café 35 e Biri Refrigerantes. A programação completa do evento, que vai até o dia 31 de janeiro, pode ser conferida no site www.sesc-rs.com.br/festival.